segunda-feira, 30 de maio de 2011

Não Corra para a Luz, Abstração Conceitual que Anda por aí Fingindo ser um Fantasma

    'Cause I don't think you're special, I don't think you're cool!
    A frase não teve o impacto desejado (mas que frase boa era aquela!), não houve risadas sinceras pr'aquela piada, o que dura para sempre (nada) acabou (sim, o que era nada - apesar de dizerem por aí que nada dura para sempre - acabou e se tornou menos do que isso - pra se ser nada, tem que se ter o conceito do que seria ser, e quando esse se perde, não é que não seja nada, simplesmente, não se é), a filosofia não teve seguidores, não houve votos suficientes na eleição, não havia cargos para os quais se candidatar, e todos caímos num loop infinito em que vamos e voltamos sem sair do lugar e chegamos enfim a uma grande epifânia que não nos revela absolutamente nada, apenas que não é possível. O que não é possível? Pra que querer saber, se não é possível que aconteça?
    E as rodas dos carros continuam rodando, assim como as das bicicletas, os bebês continuam nascendo, os cometas continuam cortando o espaço sideral, as estrelas regredindo em buracos negros hiperdensos que absorvem para si até mesmo a luz (alguém mais conhece pessoas assim?), os árabes continuam em guerras, todos inconscientes dos eventos conspiratórios que governam os tons de cinzas das nuvens que farão chover, metaforica e literalmente falando, os pingos grossos de chuva ácida sobre as nossas cabeças.
    E não importa o quão rápido se corra, nem todos foram feitos pra ganhar a maratona. Não importa quantos drinks você tome, quantos cigarros você fume, nem sempre a sua consciência vai sair por aí pra passear enquanto você se diverte (esquece). Você pode até descontar sua raiva nos outros, mas nem sempre isso vai fazer você perder a fome.
    Estamos todos perdidos, indo e voltando para os mesmos lugares, buscando as coisas que perdemos quando a lua atraiu demais a terra e a órbita elíptica foi de tal forma alterada que viramos de cabeça pra baixo e o que estava em nossos bolsos foi parar em nossos bolsos, mas em calças diferentes.
   É permitido se entediar lendo seu livro preferido.
   Trazer a autorização para viver devidamente assinada, do contrário se tornará um ser humano. Enfim.

sábado, 7 de maio de 2011

Rico x Pobre com Dinheiro

    Existe uma diferença tênue entre essas duas espécimes de seres humanos, reparem só:
    Situação 1: Viagens Internacionais
    Ricos - República Tcheca, Londres, lugares em que existe história.
    Pobre com Dinheiro - Patagônia ("eskiar na neve"), Cancum, Miami e todos esses outros lugares que têm praia.
    Sério, eu acho o cúmulo uma pessoa ter grana pra viajar pra onde quiser - meu sonho é ter grana pra viajar pra onde eu quiser - e disperdiçar indo pra lugares só porque têm PRAIA! Pra ir em praia, no Brasil tem várias, mais bonitas que a desses outros lugares, você economiza e ainda gera riqueza pro seu próprio país, olha que beleza!  Ao invés de irem buscar alguma coisa que não tem aqui, como cultura - não que o Brasil não tenha cultura nenhuma, mas o legal é conhecer culturas diferentes da nossa.
    Situação 2: Música
    Tem coisa pior do que ouvir música ruim? Em festa pra dançar, eu até entendo. Mas pra ouvir normalmente? Encontrar gente com bom gosto nesse aspecto anda quase impossível. Quando encontrar alguém, vai dizendo logo: "Abençoa e multiplica, senhor", porque não tem nada pior do que ver um carrão com o som topado tocando Reginaldo Rossi. 
     Situação 3: A Última Flor do Láscio
     Coisa pior do que aquelas mensages que colam em vidros traseiros de carros, só mensagens com erros de português bizarros que colam em vidros traseiros de carros legais. Certa feita estava eu viajando com meus pais, voltando de Alagoas, no caminho pra Aracaju (até que tenho saudade desse tempo que vivia viajando de Alagoas pra Sergipe), e nos deparamos com a seguinte frase no vidro de um Crossfox: "Foi Deus quem mim deu". Sim, nessa grafia. Que bom que Deus te deu esse carro - não que um Crossfox seja algo que faça ninguém babar, mas bem que eu queria um rs -, pena que ele não te deu umas aulas de português também :(. 
     Bom, na hora desse incidente bizarro eu comecei a rir, mas aí meu pai falou uma coisa que me fez pensar "É, você sabe escrever do jeito certo, mas não tem um carro". Me senti um lixo. Como uma pessoa que baseia suas pseudo-conquistas materais à uma entidade divina cuja existência é extremamente questionável e que é funcionalmente analfabeta pode estar numa situação financeiramente mais favorável do que eu, ser pensante e que mesmo que não tenha o português perfeito pelo menos sabe que mim não dá nada pra ninguém? É, cara, a meritocracia nesse país não tá com nada! (Fugi totalmente do assunto, mas né)
     Situação 3: Senso Crítico
     Esse pessoal que faturou com alguma coisa por agora não tá ligado em nada, compram as revistas só pra folhear as figuras, têm um lado político mas não sabem nem ao menos diferenciar esquerda de direita [tanto no sentido político como no literal, é capaz de só saberem qual é o lado direito quando testam "qual mão usa pra escrever"] e por aí vai. Apesar de não serem mais tecnicamente da 'massa', ainda são facilmente manipuláveis. 
     Situação 4: Currículo Lattes
     Sério, acho que quando eu tiver meu cadastro lá - e ele tiver mais do que dados pessoais kkkk - eu vou ser a pessoa mais feliz do universo: mesmo que eu não tenha um centavo furado no bolso, eu vou me sentir a pessoa mais rica do mundo porque finalmente eu vou ter feito alguma coisa boa para a sociedade, mesmo que de forma indireta, contribuindo para o desenvolvimente científico humano kkkkk. Enquanto essa galera aí nem sabe  que é isso, só termina o ensino médio e se auto-intitulam doutores sem nem ao menos saberem o que é um doutorado.

domingo, 1 de maio de 2011

Os Cults de 13 Anos

Pseudum intelectus

    A heterogeneidade das pessoas hoje em dia é incrível. Todos escutam o que a mídia manda escutarem, agem da mesma forma, condenam quem difere um dedinho da linha, são insuportáveis e abdicam da dádiva de usar seus respectivos cérebros sempre que seguir os outros é possível. Mas quando estão na internet, tudo muda. 
    Todos são como uma brisa, não perdem a glória de chorar, têm idéias revolucionárias que irão mudar o mundo. São todos fãs de Clarice Lispector - um ou outro leu A Hora da Estrela, o resto só copiou a filosofia do 'Quem Sou Eu' do Orkut de algum desconhecido -, Caio Fernando Abreu [boa: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=155452], ouvem Nando Reis, Los Hermanos, The Beatles (é minha banda preferida, mas tem uma legião de 'fãs' que...), são Trotskistas e têm uma camisa do Che Guevara. Seres de uma enorme complexidade interna, cujas idéias poderiam ser transformadas em um belo filme, uma película densa e vísceral, que levaria multidões às lágrimas.
   Mas essas mesmas pessoas engrossam as fileiras que seguem o trio elétrico de axé, dos que aprendem a coreografia dessas poesias que surgem anualmente com o carnaval, e dos que chamam de estranho quem prefere sentar e ler um livro de fantasia do que ir pra roda de pagode sagrada dos sábados.
   Eu até acho legal as citações que as pessoas usam pra se descrever, mas elas não se aplicam em 95% dos casos. Seria ótimo se aplicassem as idéias comunistas revolucionárias de verdade - eu até tenho as minhas, mas é sabido por todos que eu prefiro ficar em casa assistindo Chaves do que sair por aí mudando o mundo, e que a minha camisa do Che Guevara na verdade tem uma foto do Seu Madruga. As músicas que eles escutam não são ruins de uma forma geral, mas eles não as ouvem porque gostam delas - como alguém pode gostar de Time - Pink Floyd e ao mesmo tempo se jogar com Meteoro da Paixão?
      E aí a gente não quer nem saber. "Os misantropos expressam uma antipatia geral para com a humanidade e a sociedade, mas geralmente têm relações normais com indivíduos específicos (familiares, amigos, companheiros, por exemplo). A misantropia pode ser motivada por sentimentos de isolamento ou alienação social, ou simplesmente desprezo pelas características prevalecentes da humanidade/sociedade". 
    E assim caminha a humanidade, com uma frase de paz do Papa João Paulo II na ponta da língua mas a epifania que não sai da mente: "Se me odeia, deita na BR".